domingo, 24 de junho de 2012

Família vende tudo rapidinho


  Eu ainda tô zonza! Nem deu tempo de terminar de catalogar nossas coisas e a família e os amigos mais próximos já levaram quase todas as coisas. Nossa sorte é que a pessoa que comprou o sofá e a TV da sala nos deu prazo de 1 mês pra entregar... senão agora estaríamos olhando para o teto da sala sentadinhos no chão. 
  Eu não estava preparada psicologicamente pra isso... estava preparada pra vender nosso ap mobiliado... seria menos traumático sair dele montadinho... é muito dolorido colocar preço nas suas coisas... e ver indo embora.... claro que não tão dolorido qto viver no Brasil....rsrsrsrs entãããoooo.... bye bye mobíliaaaa! É hora de desapegaaaar   \o/
  Pra entrar no clima segue um texto que adoro sobre isso da Martha Medeiros.

"No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo o que ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:

- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.

- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.

Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.

Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse. Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi. Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante. Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto. Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas.
Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu. No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.
Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material.

Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo.
Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar. Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida.
Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile.
Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.
Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde.
Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza:


“só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir."

Bjs, Sa

13 comentários:

Dream Canada disse...

Sa!!! Adorei o texto, e adorei ainda mais que vc esta vindo! A "tristeza" de se desfazer das coisas passa muito rapido, ne?!Aqui vc vai remobiliar sua nova casa e construir uma vida muito melhor. Torcida nao falta! E se precisarem de um teto, estamos a disposicao. Mesmo!! Bjos

Dupla Canadense disse...

Sá, eu pensei que esse visto saía rápido e vendi quase tudo em set / out de 2010!!!!
Faz as contas....kkkkk
Não senti falta de nada!!!

Beijos e boa sorte!


\O/. \O/. Dupla

Marcelo disse...

Eu não me apego a quase nada.Não olho para trás...as únicas lembranças que quero levar são recordações de viagens e olhe lá!Texto muito bonito,já conhecia mas é sempre bom tê-lo a mão.Continuo vendendo minhas coisas aos poucos mas n vejo a hora de vebder TUDO!rsrsrsrs...boa sorte para vcs!

Canada Total disse...

É difícil isso, mas faz parte, e o desapego é algo que ajuda a limpar a alma, muitas coisas que não conseguimos vender doamos, e aqui terminamos por ganhar semelhantes.
A vida da o retorno, basta pensar positivo e ser otimista.

Boa sorte

Marilia disse...

Se consolo ajuda a dar conforto, vamos la: Vendi tudo tbem em Porto Alegre para mudar para Brasilia. Coisas q ate me arrependi, ja que estava no mesmo Pais, mas vendi ou dei. Sai com uma malinha cheia de roupas que unca usei em Brasilia por ter um clima de muito sol e eterna primavera. Comecei do zero ate chegar numa belissima casa com piscina, que em Brasilia nao eh luxo, eh necessidade! Depois me desfiz de tudo para vir para o Canada. Doeu um pouco, pque nao tive tempo de fazer uma garage sale e fui distribuindo para irmaos e familia e ate entregar moveis para um asilo e para uma creche. Desde tapetes, cortinas, ventiladores de teto, camas e brinquedos que ja esqueci.
Cheguei no Canada e a surpresa: ganhei tudo em dobro. Com 5 anos aqui eh que comecei a comprar minha propria mobilia e decorar minha casa do meu jeito.Os primeiros anos simplesmente ganhei da sogra, de um primo, de uma tia q tinha demais e quase tudo novo ou nunca usado.Nao sei se o marido sendo canadense tive mais suporte, mas parece q fui recompensada por tudo que dei e doei. Me desapeguei tanto de coisas materiais e entendi q nao vale a pena levar nada para lugar nenhum. Ser chique eh simplesmente ser simples. Tudo vem ate voce, conforme seu desapego. Boa sorte!

Com o pé no Canadá disse...

Dream... obrigada flor... apoio nessa hora é fundamental... obrigada.

Com o pé no Canadá disse...

Duplaaaa! Venderam em 2010! Como assim? E viveram acampados esse tempo todo? rsrsrs

Com o pé no Canadá disse...

Marcelo... meu amigo... to torcendo muito por vc... vc merece tanto

Com o pé no Canadá disse...

É verdade amigos do Canada Total... limpa a alma! E da uma renovada.

Com o pé no Canadá disse...

Marilia... q sorte! Eu sinto no meu coraçao q coisas boas vão nos acontecer no Canada tbm... mal posso esperar

Anônimo disse...

Lindo texto, irmã!!
Agora vai caindo a ficha, né?!
Logo menos, casa cada dia mais vazia e o Canadá cada vez mais perto!!
Vai menina!!! Vá e seja feliz!!!
Pq vc merece!!!!
Amoo! Bj

Com o pé no Canadá disse...

É sis.... a ficha ta caindo. Louco d+ isso! Tbm te amo! Bju

Meet the Beaver disse...

Que texto bonito... estamos começando a catalogar nossas coisas, coisas que ainda estão novinhas na caixa porque nos casamos no começo do ano e nem chegamos a usar... realmente dá uma dorzinha, mas que tenho certeza de que será recompensada pelas imensas alegrias que vamos sentir nas terrinhas lá de cima!
Beijos,
Re.